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Mecanismo de toxicidade

 Com as exposições externas ao monóxido de carbono verificam-se efeitos secundários com diferentes graus de gravidade. 

É de ressaltar que órgãos com maior necessidade de oxigénio serão os mais suscetíveis a danos, como é o caso do cérebro e coração, podendo esses danos serem facilmente revertidos ou permanentes.

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O monóxido de carbono após inalação é absorvido pelos pulmões e difundido para os vasos sanguíneos; posteriormente ocorre a formação de carboxihemoglobina com maior afinidade que o oxigénio, diminuindo, assim, a quantidade de hemoglobina disponível para o transporte de oxigénio.

A concentração de monóxido de carbono na corrente sanguínea é dependente das quantidades de monóxido de carbono e oxigénio inaladas, da duração da exposição, da ventilação pulmonar e da quantidade de carboxihemoglobina presente aquando da exposição.

Para além da capacidade do monóxido de carbono reagir com a hemoglobina, este possui a capacidade de combinar-se com a mioglobina e metaloenzimas, como a citocromo c oxidase e citocromo P450.

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Esquema 1: Mecanismos de toxicidade do monóxido de carbono

Como consequência da ligação do monóxido de carbono à hemoglobina - há formação de carboxihemoglobina - ocorre uma diminuição do aporte de oxigénio com possibilidade de hipoxia tecidular no caso de falha dos mecanismos compensatórios de fornecimento de oxigénio.

A falha nos mecanismos compensatórios é responsável pelo aparecimento dos sintomas associados a intoxicações por monóxido de carbono. Como tentativa de compensação ocorre um aumento do débito cardíaco e aumento da frequência respiratória, o que poderá levar a um aumento da inalação de monóxido de carbono até ao ponto em os mecanismos compensatórios falham e originam hipoxia cardíaca, diminuição do débito cardíaco e agravamento severo da hipoxia tecidular, causando morte caso não exista intervenção imediata.

Para além dos efeitos a nível do coração, a impossibilidade de realização do metabolismo aeróbio pela ligação do monóxido de carbono ao citocromo C oxidase mitocondrial e sua inibição, ocorre, desta forma, uma diminuição da síntese de ATP e um aumento da síntese de espécies reativas de oxigénio.  

Para além dos efeitos referidos, poderão ocorrer efeitos a nível inflamatório através da ativação de neutrófilos intravasculares pela interação com plaquetas, seguida de uma posterior desgranulação dos neutrófilos e aumento do stress oxidativo. Após uma intoxicação com monóxido de carbono, no momento de reposição dos níveis de oxigenação sanguínea e tecidular, poderão ocorrer danos tecidulares devido ao aumento marcado do stress oxidativo e produção de radicais livres que possuíram um papel importante no estabelecimento de peroxidação lipídica e processos inflamatório e apoptótico.

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[1] Chiew, A. L., & Buckley, N. A. (2014). Carbon monoxide poisoning in the 21st century. Critical Care, 18(2), 221.
[2] Dubrey, S. W., Chehab, O., & Ghonim, S. (2015). Carbon monoxide poisoning: an ancient and frequent cause of accidental death. British Journal of Hospital Medicine, 76(3), 159-162.
[3] Omaye, S. T. (2002). Metabolic modulation of carbon monoxide toxicity. Toxicology, 180(2), 139-150.
[4] Albuquerque Neto, C., Yanagihara, J. I., & Turri, F. (2008). A carbon monoxide transport model of the human respiratory system applied to urban atmosphere exposure analysis. Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences and Engineering, 30(3), 253-260.
[5] Raub, J. (1999). Environmental health criteria 213: carbon monoxide. Geneva: World Health Organization.
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